quinta-feira, maio 01, 2008

Revolução e Reação

Dois movimentos lutam dentro de toda pessoa, ou pelos menos dentro da vivas, a revolução e a reação, a qualquer coisa que existe e acontece.

Dentro de mim há uma construção que vive reacionária, e raramente provoca aspectos de revolução, somente quando sai em minhas palavras como um teor de liberdade espiritual e honestidade, afinal estamos no tempo dos lucros e da publicidade, mentir é bem mais corriqueiro e praticado do que antes. Se no passado haviam mitos e guerreiros superestimados, nos tempos de hoje há propagandas velozes falandos apenas das virtudes mais chamativas, é uma caixinha de problemas o produto que encabeça o desespero ou cobiça de seu vendedor.

Praticar a minha reação aos fatos tornou-se cansativo e sem resultados, um silêncio começou a nascer naturalmente, e foi se somando às muitas vozes da surdina dizendo que sou bem menos do que imaginava. Essa resignação está longe de ser um problema, muito antes disso um avanço considerável na minha inteligência, eu talvez gritasse de modo íntimo a uma população de idéias totalmente surdas, e meus sentimentos por mais expressos a mim e aos outros ainda assim estão longe de serem mais fortes que os fatos, com o tempo ficar calado pareceu a melhor reação e revolução.

Opinar, participar, fazer a diferença, mudar o mundo, trazer Deus para o seio da humanidade, todas essas escalas do mesmo absurdo estão vigorosas no peito dos verdadeiramente atingidos, e eles choram alto, alguns desesperam-se tanto que derrubam suas personalidades no lago negro e profundo da idéia destrutiva de servir a um ideal de salvação, e começam a professar uma fé depuradora dos males no mundo, como se fossem eles, ali em seus olhos, capazes de compreender a profundidade do ser humano e seus aspectos mais essenciais.

Hoje ser um politicamente correto está impossível, há mais falação que atos, eu tento manter minha honestidade e altruísmo ao máximo, bem acima do que vige no trecho de civilização que faço parte, e mesmo assim sou compelido para dentro, porque quando o desgraçado me ouve sendo coerente começa a me invejar pela situação de saúde intelectual que me porto, e então, começa a me atacar com o que vier em sua mente invejosa, a qual jamais deixou de ser ruim desde que foram jogada suas habilidades de sofrer dentro do poço profundo da conveniência.

Mas eu seria contraditório se eu não admitisse que sou conveniente, pois meu silêncio pode ser um obra social porém é também meu melhor jeito de fugir sem compromissos, e isso é sim conveniência, e faço, faço porque também tenho meu lado humano e necessitado de tempo para si mesmo, para eu não me atrever a perdê-lo, não posso me demorar no desespero de gente sem visão.

Tenho sido mortal, por um lado confiro e concordo que as regras mudaram, a verdade pequena de nosso dia a dia se tornou o grande combate da humanidade inteira, com vitórias essenciais porém escondidas no negro de nosso anonimato, já de outro, a revolução necessária está presa a um fim de recursos primordiais para a atualidade humana, quando o petróleo e a água se esgotarem aí sim, tudo muda. Quanto às minhas reações, tão improdutivas quanto minhas esperanças, essas eu mantenho protegidas por valores que me descamam: a honestidade e altruísmo, que são assim mesmo, e devem dessa forma funcionar, desmanchando meu ego cheio de injeções de falsidade vindas de tudo ao redor.

Há tantas correntes de pensamentos, tantas contrariedades nascendo e morrendo no mesmo instante, revitalizando as múmias religiosas, os fungos nojentos do mercado e as tantas escolas mentirosas de liberdade. Tudo isso dão um nó na mente do indivíduo moderno.

Perdidos, eu e ele corremos para todos os lados até as forças cederem espaço ao desespero, e assim, eu que costumo ter um carácter mais resistente nos princípios, deixo a honestidade e o altruísmo me envenenar, enquanto o corpo do outro cai para ser devorado pela loucura humana, eu isolo minha revolução e reação no silêncio oportuno, e seja o que Deus quiser ou não.

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