quarta-feira, novembro 19, 2008

Do Ódio

Eu tenho um ódio profundo por uma pessoa.

É um sentimento horrível que me denigre o tempo todo, vejo-me depois de revivê-lo aos pedacinhos como um ser inferior.

Mas é sempre assim, essa pessoa provoca minha condição mais repreensível da minha personalidade, admitir isso meio que me liberta, sem eu precisar soltar-me em violência com qualquer um por aí.

O mundo se livra também, esse sentimento salva minha idéia de justiça e tolerância, talvez me expondo a minha verdade eu entenda o tamanho da dificuldade alheia em se segurar antes de um crime.

Essa pessoa me faz odiá-la porque é justamente assim que ela age, se permitindo julgamentos e intolerâncias sem o menor cuidado ético e justo, e pior, não se percebe na truculência absurda que levou sua vida mascarada numa mentira envelhecida e conhecida por todos, ela se diz evangélica e moralmente irrepreensível, uma mentira que cai por terra na menor avaliação de sua imagem na comunidade que compartilhamos.

Eu nasci depois dela, fato, eu tenho direito de analisar a vida dela, como também dou o direito a ser julgado moralmente por quem está a vir antes de mim, e ainda me obrigo a ser responsável com o que eu disser sobre essas pessoas, porque eu já tive oportunidade de provar que sou bom, e o jovem ainda não, então me cabe a responsabilidade de assumir minha história e dedicar-me a responder com paciência e justiça às questões sobre mim, essa mulher não, ela engoliu-se no próprio egoísmo, e vive concentrada nos valores os quais não segue, mas pune a quem ela acha que deveria perceverar, quando é questionada sobre sua traição ao que acredita, ela se desculpa invocando-lhe o direito de indulgências as quais só são aplicáveis a si mesma e nenhum outro filho de Deus no mundo, assim sendo, governada pelo seu rancor e podridão espiritual ela avança entre os outros de nós, coletando pequenas informações que podem significar uma pequena arma, suficiente para machucar sem lhe dar razões, suficiente para doer só porque foi uma escolha suja, um golpe baixo por não ter outro elemento de real justiça, então faz-se de superior e maligna.

Eu a odeio por segundas e ainda piores observações: dentro de mim guarda-se esse mesmo ser humano imundo e doente, esperando dar ao outro uma carimbada de avaliações, um golpe sem justiça mas cheio de sanha julgadora, um ser pretencioso e mal informado, que por ver o mais óbvio se acha pronto para magoar o próximo.

Essa infantilidade é a água de sopa no meu novo alimento desses dias estudando meu jeito de ser, ando a ruminar meus atos com todos os quais já ouviram avaliações minhas, com todas as vítimas ou não dos meus entendimentos, e descubro o quanto fui desgostoso como essa mulher podre consegue ser o tempo todo.

Já tive a oportunidade de gritar com ela, de chegar à beira de uma violência física, mais de uma vez, e queria no profundo de meu ser ter alcançado isso, mas ao mesmo tempo sei do grande erro que significaria fazer algo assim, então me recolho, nessas ruminâncias positivas, tentando encontrar um meio termo entre o direito à ferocidade de respostas e a diplomacia necessária.

Talvez esse honesto desabafo seja um começo para matar esse ser comum entre nós dois.