quinta-feira, abril 22, 2010

dos crépusculos.

Hoje meditei sobre minha morte, e eu andei por entre esses pensamentos com uma estranhíssima coragem e calma, aposto que bem dentro de mim eu já tenha perdido todas as esperanças que eu vivo a proteger, talvez eu só tenha a esperança de ter esperanças.

Eu não sou nenhum doente terminal, não que eu saiba, mas sei que estou próximo de morrer, sempre estou, e o primeiro indício disto é minha placidez com ela a morte, eu hoje a deixo se aproximar de mim, não com objetivos grandes ou pequenos para com os outros, mas que tenha todas as liberdades dela comigo.

Eu não quero morrer, juro que não, só há essa tranquilidade toda, esse desapego igual ao que sinto antes de dormir, como se o mundo tivesse o direito de ser o mundo só porque eu já não tenho forças para concorrer.

Vou acordar, pode ser amanhã ou depois, vou perceber que a vida é uma angústia deliciosa, e mesmo eu sem credibilidade para fazer contradições entre duas palavras vou encontrar a sombra e a luz de cada coisa no mesmo chão, seguindo minhas pegadas, todos os dias eu medito sobre isso, mas sei lá, acho que não estou muito preocupado com o mundo, e o vazio dos meus pensamentos se encontram com um desapego como o que sinto à beira da cama antes de dormir e sonhar.

2 Comentários:

Blogger Cecília Braga disse...

No livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, é onde me senti depois do teu texto. Aqui, uma saudade arraigada tua.
beijos na alma.

2:53 PM  
Blogger Unknown disse...

Incrível!!!

2:06 PM  

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