sábado, julho 26, 2008

Atropelando

Conseguiremos vencer as forças do tempo?

Da velocidade?

Da pressa?

Da angústia?

Quanto mais descobrimos a fé dessas gerações novas, mais se revela o Grande Perigo.

Apesar de termos uma disposição tecnológica tão avançada, ainda assim vivemos com um custo ingrato de termos tudo menos profundidade e reflexão.

Hoje é muito compromisso em nome de se chegar a algum lugar, sendo que nunca sei que lugar é esse. Vejo pessoas escandalosas gritando que a vida tem que ser vivida como se amanhã acabasse, porém se aplicam teimosamente à obras mesquinhas, e também escuto aqueles que querem segurança para o futuro, mas essas guardam sua juventude onde???

Sempre ouço falar do quanto devemos ser prudentes e projetarmos nossas vidas para o futuro, termos aposentadorias, seguranças sociais, pessoas ao nosso redor, amores eternos.

Sempre ouço que algum ladrãozinho nojento matou alguém porque queria seu relógio, seu cordão, seu celular. Sempre ouço que o mundo é desesperado.

Não há muitas diferenças entre aqueles que vivem o futuro demasiadamente e o presente da mesma maneira, há também os sepultados vivos, esses que vivem apaixonados por um passado que não vai voltar mais.

Grudar no tempo não me parece uma idéia astuta, meu futuro é um perfume que descubro nas brisas dos assuntos, meu presente é o sol de minha vontade e o passado é tudo que se desmancha no cenário. Eu caminho pelos dias assim, com essa impressão metafórica. Com essa fidelidade ao significado, meditando em cada oportunidade como se configuram as coisas, como de alguma maneira o futuro vira cheiro, o presente vira calor e o passado vira nada.

Sou tão saudoso, e nem por isso menos otimista com novos ciclos de beleza. Sou tão esperançoso e nem por isso menos arraigado com meus ontens, sou toda saúde dos tempos vizinhos, e meu presente assim se instala com pele disposta.

Vou atropelar os discursos de ansiedades, e quem mais houver de proclamá-los a mim, não desejo mesmo ser essa multidão desesperada que infortuna a política, o comportamento civil, as militâncias educacionais e os nichos consumistas, eu não, gosto da paciência nesses momentos, o vento passa deixando seu sinal em fragâncias, vem de longe a chuva, ou então há floradas abertas para aquele dia, o passado fica aqui atrás, poucos milisegundos depois de cada batida cardíaca, vive aqui atrás dando amparo ao presente, tão exposto a tudo, tão verdadeiramente tempo, pelo menos um tempo em combustão, provocando-me a iluminar minha idéia de amanhã e a incinerar as noções dos ontens.

1 Comentários:

Blogger Cecília Braga disse...

Pra tu saber que leio sempre, e gosto demais.
=****

4:41 PM  

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